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7 de julho de 2011

UMA BREVE ANÁLISE SOBRE O LIVRO POR UMA VIDA MELHOR DE HELOISA RAMOS

Este texto tem o objetivo de analisar o capítulo I do livro “Por uma vida melhor de Heloisa Ramos” no qual traz o título “Escrever é diferente de falar”. O livro em questão foi distribuído pelo ministério da educação para os alunos do ensino fundamental.
            O livro didático distribuído pelo governo federal causou uma discussão entre os lingüistas, a mídia, estudantes e demais profissionais da educação, essa discussão foi provocada pelo que eu acredito serem interpretações equivocadas, quando a mídia diz que o livro defende os erros de português. Para quem teve acesso ao material, observou que o capítulo em questão trata dos diferentes modos que a língua é usada, não defendia os erros de português, mas mostrava que falar é diferente de escrever. Quando a autora aborda o tema “Escrever é diferente de falar” ressalta as variedades da língua e como usuários de língua portuguesa entendemos que as variações lingüísticas são fatos presentes na língua.
            Por tanto não entender essas variantes é não entender o que as línguas são, é acreditar no mito da unidade lingüística.  No momento em que se estabelece uma norma-padrão, ela ganha tanta importância e tanto prestígio social que todas as demais variedades são consideradas “impróprias”, “inadequadas”, “feias”, “erradas”... E esta norma-padrão passa a ser designada com o nome da língua, como se ela fosse a única representante legítima e legal dos falantes desta língua.  As variedades de uma língua têm recursos lingüísticos suficientes para desempenhar sua função de veículo de comunicação, de expressão e de interação entre seres humanos.
            O livro de Heloisa Ramos mostra de forma simples que o ensino da língua portuguesa deve passar pelo ensino da norma-padrão, para que assim os sujeitos tenham uma oportunidade de conceber gêneros que obedecem a essas normas e assim cria uma possibilidade de democratização, a autora não designa um ensino pautado unicamente na norma não-padrão, mas entende que essa não pode ser desrespeitada, até por que se desvalorizássemos essa modalidade da língua estaríamos desrespeitando a identidade dos usuários dessa modalidade e a escola é o lugar em que a diversidade deve ser vista como um fato. Como diz Sírio Possenti as chamadas normas padrão e não-padrão da língua não é algo que devemos indicar como certo ou errado, mas como um fato que temos que explicar. Mas em meio a essa discussão tem algo que me chama a atenção no capítulo do livro quando a autora diz que a língua é um instrumento de poder. Então me questiono: se a língua é realmente um instrumento de poder ou é a apropriação da língua que é um instrumento de poder?
            Desse modo o livro ressalta a importância da relação entre a norma padrão e a não - padrão da língua, observação que deve ser analisada pelos profissionais da educação e por aqueles que tentam se inteirar sobre o assunto, para que assim casos de leituras equivocadas não tragam a tona uma discussão grosseira sobre determinados assuntos. Logo, o livro não agride a idéia de como deve ser realizado o ensino de língua portuguesa e sim traz questões cabíveis ao ensino da língua. Por tanto compreendemos que a autora defende a linguística como uma ciência que não estuda idioma nem gramática nenhuma, a linguística estuda a fala, explica fatos naturais de articulação, de formas de expressão oral do ser humano.


REFERÊNCIA

Ramos, Heloisa. Por uma vida melhor. Coleção viver e aprender. Ed. 2011.
Marcos, Bagno A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira, São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
Bagno, Marcos. Preconceito lingüístico. Ed. Loyola. 49ª edição. 2007.
Bagno, Marcos. A língua de Eulália. Ed. Contexto. 15 edição. São Paulo 2006.
Possenti, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas Mercado de letras. Associação de leituras do Brasil. 1996 


Jacqueline da Silva Reis

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